A gengiva faz parte dos tecidos que circundam os dentes, o periodonto. É importante que estejamos alertas para alguns sinais, principalmente os de caráter inflamatório, para que possamos afastar doenças e desordens.

A partir da formação do biofilme bacteriano ao redor dos dentes, a gengiva pode inflamar e dar origem à GENGIVITE. O próprio organismo responde a esta agressão bacteriana e promove um recrutamento de células do corpo para se deslocar para a boca. 

A extensão da inflamação depende de uma série de fatores, especialmente do potencial de agressividade das bactérias que ali se encontram, da condição sistêmica do organismo do indivíduo e da higiene bucal que ele desempenha. Se esta inflamação progredir, pode ativar o processo de perda do suporte ósseo e perda de colágeno. Temos então instalada a PERIODONTITE ou DOENÇA PERIODONTAL, resultante da interação entre a placa bacteriana e a resposta imunológica do indivíduo.

Importante ressaltar que a doença periodontal pode gerar um risco sistêmico ao paciente, como por exemplo, problemas cardiovasculares, pulmonares, interferência no controle glicêmico, entre outros.

Seguem algumas dicas de como prevenir problemas gengivais e periodontais:

  • Escovar os dentes em intervalos regulares. O ideal é que a limpeza aconteça após as principais refeições (café da manhã, almoço e jantar). Desta forma, evitamos a formação do biofilme dental e prevenimos processos inflamatórios de origem bacteriana.
  • Passar o fio dental entre os dentes, uma vez que nestas regiões a escova de dente não consegue limpar. Lembre-se: o dente tem cinco faces que precisam ser higienizadas e a escova só limpa três delas. O fio dental é que complementa este importante cuidado.
  • Realizar manutenções periodontais frequentemente. Um exame periodontal clínico específico e complementos com radiografias devem ser realizados para o correto diagnóstico. O intervalo entre as manutenções é individual, uma vez que as particularidades do estado sistêmico de cada paciente são individuais.
  • Trocar restaurações que não estejam satisfatórias. Atenção para os locais onde o fio dental desfia ou passa livre, sem oferecer resistência. A restauração naquele dente pode estar com excesso ou falta, e isso traz um potencial dano ao periodonto.
  • Evitar o trauma mecânico nos dentes/gengivas. Isso acontece quando a técnica de escovação está errada, quando há força ao escovar os dentes e também quando as cerdas da escova são duras.
  • Manter a oclusão (mordida) ajustada. O trauma oclusal pode afetar todo o periodonto, além de danos na estrutura do dente. Uma associação de fatores pode levar às recessões gengivais.
  • Não fazer bochechos sem a correta indicação. O uso indiscriminado de enxaguatórios bucais pode mascarar problemas gengivais e sinais clínicos de inflamações.
  • Pacientes que serão submetidos ao tratamento ortodôntico devem se certificar que o suporte e proteção dos dentes se encontra saudável. Se a movimentação ortodôntica acontece sobre um periodonto doente, pode haver um colapso desses tecidos e o risco de perder o dente é real.
  • Não fumar. Indivíduos tabagistas estão no grupo de alto risco para doenças gengivais / periodontais. Além de modificar a qualidade da resposta imunológica, não chegam células de defesa suficientes para atuarem no combate contra a placa bacteriana.
  • Controlar a glicemia. Outro importante grupo de alto risco são os pacientes diabéticos. Este grupo tem 2,5 vezes mais chances de desenvolver alterações periodontais do que indivíduos que não apresentam esta enfermidade. A doença periodontal é a sexta complicação do diabetes. As duas doenças estão totalmente interligadas e merecem cuidados específicos. Estar atentos às recomendações endocrinológicas e periodontais evitará complicações.

Cuidar da saúde bucal é cuidar da saúde geral! A boca não está isolada do restante do corpo e problemas advindos dali podem repercutir negativamente na saúde sistêmica.

Co-autora: Dra Patrícia Firmino